A ausência das festas e de seus rituais faz com que índios deixem de ser índios? Acho que não. A essência é outra. A forma de pensar é outra. Vivem em um universo paralelo, nem melhor nem pior. As relações familiares sâo nitidamente diferentes, e mesmo sendo evangélicos, a liberalidade dos costumes é bem maior que a nossa. Quando dois jovens querem casar, o que fazem? Fazem uma casa e vão morar juntos. Simples assim. Se não der certo – o que percebi ser muito raro – repete-se o processo e cada um vai para o seu canto. Simples assim. Se a menina engravidar? Casa. Ou não. Não há pressão ou estresse.
Infelizmente a maioria dos Waiwai não usa mais os nomes tradicionais. Trabalhei no cadastro de toda população e notei nomes de três tipos. a) os ocidentais, como Raissa, André e os de maior “complexidade” como Ralsiane e Telton b) os ocidentalizados, como Iwona (Ivone), Ruwis (Luiz) e Krasa (Graça) onde a grafia é diferente, mas o jeito de falar é próximo ao que falamos. c) os tradicionais como Kairi, Pahanruwi, Anti, Comera, Apiyu e Araw.
Hoje aconteceu outra coisa diferente. Ia consultar uma moça chamada Viviane e ela disse que não era mais este nome, agora era Marcia Maria. O agente de saude se vira para mim e diz “é mesmo, eu esqueci”. Ele pegou o prontuário, riscou o nome velho e escreveu o novo. Simples assim.
Mãe sai para pescar com filha no final da tarde…
OBS: Este post faz parte do texto integral das Impressões Amazônicas 63
Linda a foto…como será que eles chegaram a essas atitudes sociais?
Cheguei aqui por meio de uma postagem sua na redenutri e fiquei encantada com a riqueza de seus relatos e até com um pouco de inveja (boa) dessas vivencias na amazonia. Parabéns pelo site e pelo trabalho desenvolvido.
Nossa vida com certeza seria melhor se fosse simples assim…
Afinal o belo é o simples, sem rodeios.
Parabéns!